A Culpa é da Ciência #009 - COP: sinais da mudança e um mar de potencial
Belém esquenta para a COP enquanto os amazônidas penam para esfriar a cuca em meio à mudança climática. A Culpa é da Ciência é a newsletter mensal da Bori feita para você, que dá valor à ciência.
Um terço da população amazônida percebe no dia a dia as mudanças no clima, mostra uma pesquisa da Umane e da Vital Strategies. Segundo os dados, 32% dos moradores da Amazônia Legal já sentem impactos diretos do aquecimento global, e entre povos e comunidades tradicionais esse número sobe para 42%. Calor extremo, secas prolongadas e fumaça no ar deixaram de ser previsão: viraram rotina. (também no Correio Braziliense e na Veja)
A situação na Amazônia anda mesmo complicada. Até um Aedes aegypti pálido — sim, algo como um mosquito albino — resolveu dar as caras por lá, aponta uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA) publicada na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Para os cientistas, é hora de redobrar os esforços em vigilância entomológica: o clima muda, e os vetores das doenças estão sempre em vantagem. (também no Metrópoles e em Um Só Planeta)
Um gole de esperança: não longe dali, o oceano trabalha em silêncio, sequestrando carbono e oferecendo soluções que seguem fora das conversas oficiais. Para compreender melhor o que está em jogo, a Agência Bori conversou com Alexander Turra, professor titular do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano. Segundo ele, “não dá para pensar em um planeta estável sem incluir o mar como parte ativa das estratégias de mitigação”. A ciência mostra que há espaço para agir — mas, como todos já estão cansados de saber, não dá mais para esperar.
Em novembro, na COP30, representantes da Bori estarão em Belém para acompanhar de perto como a ciência respira entre as promessas e os protocolos. Que o clima, em todos os sentidos, seja bom!
🛢️ O petróleo e o futuro
A Bori realiza no dia 5 de novembro, às 9h30, o workshop “O petróleo e o futuro: o que jornalistas precisam saber sobre o lugar da Petrobras na transição energética”. O evento, gratuito e exclusivo para jornalistas cadastrados, traz dados inéditos do projeto Descarbonização e Política Industrial (DIP-BR) da UFRJ, analisando os investimentos e metas da Petrobras rumo a uma economia de baixo carbono. Em sintonia com os debates da COP30, os pesquisadores Carlos Frederico Rocha e Marcelo Colomer discutirão as lacunas da estratégia de descarbonização da estatal — e como a transição energética pode se consolidar como política de Estado no Brasil. É jornalista? Não perca!
🧒🔬 Ciência também é coisa de criança
Na Semana da Criança a Bori publicou no Instagram dois episódios da nova série Ciência para Crianças, narrada pelo professor e palhaço Mauro Fantini. A ideia é levar descobertas científicas brasileiras para o público infantil, mostrando que todo mundo, em qualquer idade, pode ter um pouquinho de cientista. Nos dois primeiros episódios, as crianças descobrem que até o cocô da anta ajuda a reflorestar a Amazônia e conhecem a história de uma bromélia peludinha descoberta em Minas Gerais.
🐾 Bichos & Cia.
Pesquisadores da USP registraram quase 3 mil refeições de papagaios, maracanãs e periquitos em 79 espécies de árvores da capital paulista. O resultado é claro: sem árvores nativas, até os papagaios ficam sem almoço. (também no Jornal da USP e no Gizmodo) Enquanto isso, no Mato Grosso, uma cuíca-lanosa aproveita a ausência do gavião-real para roer ossos de tatus deixados no ninho. O flagrante, feito por armadilhas fotográficas e por cientistas da UFV, é o primeiro registro de necrofagia em cuícas e mostra que, na natureza, menu pode ser mais flexível do que parece. Tem até vídeo da ousadia! (também no Portal Amazônia e no G1)
🧪 Ciência no Brasil
🍚 Cesta básica, custo salgado - Pesquisa da UFV revela que cada aumento de R$ 1 no preço da cesta básica eleva em 13 pontos percentuais o risco de insegurança alimentar. (também no Globo)
👁️ IA na linha de frente - Sistema desenvolvido pela Unifesp identifica causa de cegueira na Amazônia usando apenas fotos de celular. (também na Cenarium)
🐟 Piranhas, vítimas da má fama - Levantamento da Unesp e da UFSCar aponta que a reputação agressiva das piranhas nasceu de exageros da mídia e de especialistas improvisados. (também em Batatais24h)
🧠 Violência que marca corpo e mente - Na Baixada Fluminense, estudo da UERJ mostra que mulheres vítimas de violência doméstica têm mais risco de desenvolver transtornos alimentares. (também no Drops)
💻 Violência online, ciência off-line - Em artigo de opinião, a pesquisadora Ana Costa, da Universidade de New Hampshire (EUA), reflete sobre o avanço tímido da pesquisa brasileira sobre violência digital e lembra que combater o ódio virtual também exige evidências. (também na Rádio Marconi)
🔎 Vimos por aí
🎓 Prêmio Dona Jô Clemente lança chamada de R$ 500 mil para apoiar tecnologias educacionais inclusivas voltadas a pessoas com deficiência intelectual e autismo.
👩🔬 Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher recebe indicações até 7 de novembro e reconhecerá pesquisadoras brasileiras com contribuições relevantes à ciência nacional.
🏅 Poucas láureas para as mulheres: em 2025, apenas Mary Brunkow, dos EUA, ganhou um Nobel científico, na categoria de fisiologia ou medicina, por descobertas sobre tolerância imunológica periférica.
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